A espectacular evolução do mundo audiovisual, com toda a sua galáxia virtual (de que somos nómadas compulsivos, por vezes felizes), instalou um lugar-comum, misto de novo-riquismo e ignorância, com que alguns políticos e intelectuais, influencers e opinantes de coisa nenhuma, aconchegam a nossa distracção. A saber: "vivemos num mundo de imagens". Bruscamente, descemos à terra, reconhecemos a insuficiência de tal formulação e compreendemos que as imagens são também — serão mesmo sobretudo — o modo como delas falamos, a labiríntica verbalização que delas nos aproxima ou distancia. Será um modo trágico de o redescobrir, mas as palavras estão aí. "Elas vivem", como no filme.