18 de março de 2020

Silêncio

A chama a acender no fogão.
A respiração na almofada.
O som das patas da gata, pulando da secretária, encontrando a madeira do chão.
As folhas das árvores agitadas pela brisa.
A tua respiração. A minha respiração.
Há um outro silêncio a envolver os sons do quotidiano. Porque há menos ruído, claro. Mas sobretudo porque o aparato social deixou de se definir a partir da possibilidade de algum encontro, sendo pedagogicamente vivido como uma geometria de insuperáveis distâncias.
A utopia matemática consola-nos com o radicalismo da sua poesia: as linhas paralelas preservam uma insuperável distância na imperfeição do nosso mundo, mas irão cruzar-se no infinito.