A indiferença de muitos cidadãos — jovens, sem dúvida, mas em boa verdade das mais diversas faixas etárias — face às regras de protecção contra o COVID-19 recoloca no seio do tecido social um impasse filosófico a dois tempos. Primeiro: será que há neles o niilismo de quem encara a tragédia como inelutável, superior a qualquer gesto individual ou dispositivo colectivo? Segundo: serão alheios a qualquer pensamento sobre a vulnerabilidade da vida humana, a sua e a dos outros? Seja qual for a resposta, é difícil não pensar que o respectivo enunciado integra germes de algum tipo de totalitarismo.