Porque é que se fala tanto de futebol em televisão? Na verdade, a pergunta não será tão pertinente quanto a saturação futebolística pode fazer supor. Vale a pena abreviá-la: porque é que se fala tanto em televisão?
Espectadores e actores deste estado de coisas, somos todos cúmplices. Ou ainda: que aconteceu, que lei mediática, que ordem discursiva se impuseram a todos nós, a ponto de a avalanche de palavras se ter transformado num tecido de infinitas redundâncias que, no limite, favorece uma violenta surdez cognitiva?
Espectadores e actores deste estado de coisas, somos todos cúmplices. Ou ainda: que aconteceu, que lei mediática, que ordem discursiva se impuseram a todos nós, a ponto de a avalanche de palavras se ter transformado num tecido de infinitas redundâncias que, no limite, favorece uma violenta surdez cognitiva?
O fenómeno está longe de ser meramente televisivo. Ou mesmo especificamente radiofónico. Há nele uma dimensão social tanto mais desgastante quanto a proliferação de "vozes", até à confusão total, é um dos princípios de funcionamento das chamadas redes sociais. De acordo com a sua lógica, a sociabilidade não passa mesmo do privilégio pueril de podermos "existir" num qualquer circuito de links, likes e outros modos de reduzir o mundo a uma selva de algoritmos. Descobrir que o pensamento matemático (enfim, algumas formas desse pensamento) se transformou numa visceral força política, eis um reconhecimento assustador.