30 de setembro de 2020

Aborrecimento

O infantilismo mediático — no tratamento de espectadores e ouvintes — deixou de ser uma estratégia de mobilização de audiências. Em boa verdade, passou a existir como um valor "natural": tu que me vês e escutas és uma criança que eu identifico, albergo e protejo, evitando que gastes energia a pensar na tua própria condição. Não admira que, tanto em rádio como em televisão, as crianças sejam reduzidas a monstrinhos patetas que importa distrair, salvando-os do aborrecimento. Eis o pesadelo dos sacerdotes mediáticos: que alguém, seguindo-os, se aborreça.