30 de setembro de 2020

Morrer

— Penso, por vezes, que nenhuma relação que possamos estabelecer, tu e eu, depende de qualquer motivação afectiva, a não ser o dinheiro que entre nós circula ou pode circular. Pergunto-me, por isso, se a minha saúde possui ainda algum valor, ou se o valor que nela possa manifestar-se apenas existe através do dinheiro com que alguém, entidade humana sem rosto, diz suspender a minha morte anunciada. Reconheço-me, assim, como um ser para a morte — a promessa decorre da mais bela e mais radical inteligência, mas a sua história política é assustadora.