Eis um breve conto moral para os tempos do COVID-19. A sua inspiração provém de uma das notícias do dia, disponível, por exemplo, no jornal A Bola:
>>> Cavani exigiu €30 milhões líquidos por três anos de contrato, o que implicaria investimento de €60 milhões brutos para o Benfica, valor incomportável para os ‘cofres’ da SAD.
Durante o processo negocial, o irmão e agente do jogador propôs que parte do pagamento fosse feito ‘por fora’, algo prontamente recusado pelas águias.
O leitor lê. Volta a ler. Pára por momentos, reflecte e compreende que deve abrir a janela — só assim poderá escutar os protestos das multidões ruidosas que se indignam quando o governo (qualquer governo) gasta dois tostões, e não três, nas chamadas actividades culturais. O leitor escuta atentamente, não se move, de modo a evitar qualquer ruído que possa perturbar o clamor que aí vem. Escuta e continua a escutar... mas não ouve nada.