A pouco e pouco, as urgências impostas pela pandemia favoreceram a instalação de uma "ideia" política que, em boa verdade, supera as clivagens entre os territórios imaginários e imaginados de direita(s) e esquerda(s). A saber: todas as crises financeiras devem ser, obrigatoriamente e automaticamente, debeladas pelo Estado.
Efeitos práticos de tal lirismo? Como se não bastasse o sofrimento de quase todos, ainda se agravam os seus efeitos com a miragem idílica de um Estado que seria uma espécie de tesouro infindável a funcionar num mundo sem pandemia. Em boa verdade, pensar o que seja um Estado tornou-se, no século XXI, um luxo que a cena política, quase sempre duplicada pela cena mediática, prefere repelir.