— O habitual anonimato dos rostos que pontuam os sonhos deu lugar ao aparecimento de figuras conhecidas mas, por assim dizer, irreconhecíveis, porque resistentes a qualquer aproximação. O sonho dramatiza-se, então, entre a expectativa de alguma confirmação por parte do interlocutor e a estranheza mais ou menos ameaçadora do seu comportamento. Ao mesmo tempo, a repetição cíclica de microscópicos acontecimentos faz com que, num grito sem som, o sonho me leve a proclamar que estou à beira de acordar. E não acordo. Ou, se acordo, sinto-me invadido pela sensação de que foi demasiado tarde — como num sonho.