A confluência de uma urgência sanitária — a pandemia — e uma tragédia política — Donald Trump — confere às eleições presidenciais americanas a inusitada dimensão de um teste realmente global. A saber: de que modo é possível, ou não, os modos de difusão de informação do século XXI desmascararem a mediocridade humana do actual Presidente dos EUA? Ou, pelo contrário: até que ponto a própria existência desse Presidente é um produto de tal conjuntura de informação?
No limite mais drástico, e também mais perverso, desta dinâmica deparamos com uma perturbação visceral: a que nasce da possibilidade de o aparato de comunicações em que vivemos ser, não um factor de incremento de hipóteses democráticas, mas um motor de derivas autoritárias.