Cena ao balcão de uma instituição bancária. Um cidadão deposita uma soma que envolve menos de uma dúzia de notas. O funcionário toca as notas uma a uma, não para contar o valor envolvido, mas porque, diz ele, são novas e estão muito duras... Qual a relação disso com o seu trabalho? Acontece que deve passá-las, obrigatoriamente, pela máquina de contagem de notas. Dito de outro modo: a civilização da contabilidade generalizada não confia num ser humano para fazer contas. Efeito prático: o funcionário passa as notas, uma a uma, e vai anotando num papel os respectivos valores.
Em boa verdade, semelhante ritual será, em última instância, justificado pela necessidade de identificar possíveis notas falsas. O que, por ínvios caminhos, vai dar ao mesmo: as contas já nada têm que ver com a singeleza primordial da matemática, passaram a ser um despudorado teatro de máscaras.