Qualquer tema da actualidade parece só adquirir pertinência, não exactamente através das singularidades das suas componentes, mas pelas análises que pode desencadear. Entenda-se: o acontecimento termina e, no instante seguinte, as rádios e as televisões entram em modo de análise. Reservar um tempo para pensar? É caso para dizer: nem pensar... O que mais conta é anular qualquer intervalo entre o "facto" e a sua análise, como se todos tivéssemos medo de habitar alguma duração que nos possa fazer sentir que compreender o mundo é uma tarefa árdua, exigente, formalmente nunca encerrada. Analisar passou a ser tão só manter o movimento. Movimento de quê? — eis a pergunta que quase todos deixaram de formular.