Numa sociedade global em que a relação com o(s) outro(s) se pode confundir com a banal partilha de polegares ao alto, a destruição das estátuas é apenas um sintoma mais do triunfo de um niilismo sem programa. Não, a culpa não é do sr. Mark Zuckerberg, até porque o seu sistema de comunicação tem dado um contributo decisivo para diluir qualquer noção de responsabilidade social. Criámos, ou deixámos que ele criasse, um mundo em que tudo se esgota no flash do momento presente, sem que haja espaço para as irredutíveis singularidades da memória. Por que é que haveria espaço para as estátuas? A estupidez da sua destruição corresponde ao comportamento normal de uma comunidade que foi perdendo qualquer vínculo com a densidade e a complexidade da história.