Vivemos o impensável da morte, arrastado pela ânsia humana de salvar vidas. E não estávamos preparados para tanto. Não o poderíamos estar através das vivências da cultura dominante da gratificação imediata, imediatamente repetida, dos nossos circuitos virtuais — um polegar ao alto, "toca-e-foge", algo se há-de seguir, sobretudo algo que nos mantenha nesta espectacular ilusão global de sermos peças e comandos de um motor impossível de parar.
Dirá o bom senso que este não é o momento de pensar isso, uma vez que a salvação das vidas é a prioridade absoluta.
Claro que sim — a vida, a maravilhosa e difícil arte de viver. Mas o que o bom senso assim diz é também que haverá sempre algum desvio, mais ou menos cruel, mais ou menos pueril, para que isso não seja pensado.