As imagens dos mais variados lugares emblemáticos de todo o mundo, agora vazios, testemunham uma melancolia ambígua. Como se o simplismo pueril das multidões fosse a primeira utopia que tentamos recuperar.
Sim, é verdade que experimentamos a dor de nos sabermos confinados, longe desses lugares, longe mesmo quando aplicamos as frágeis armas da nossa inquieta imaginação. Ao mesmo tempo, não é menos verdade que, mesmo por eles circulando, tínhamos já cedido à chantagem de definir (e praticar?) o social através de links e seus derivados. Foi assim, aliás, através da brevidade doentia dos tweets, que se elegeu um presidente.
Compreendemos agora que não são apenas as ruas que nos faltam. Para lá da noção primitiva, fascinante, viciada e viciosa, de multidão, falta-nos também um pensamento para a utilização dessas mesmas ruas — longe, aqui tão perto.