Circula pelos espaço mediático a noção piedosa segundo a qual o confinamento favorece uma redescoberta do ser. Eis um sintoma social dos nossos dias, ou melhor, do entendimento dominante do social, logo do individual. Temos tanto medo de tantas formas de solidão que inventamos mais um artifício, em forma de patético resgate moral, para proclamar que o fechamento compulsivo que estamos a viver envolve uma radiosa compensação: vamos redescobrir-nos... Como se só agora, face ao desenho colectivo da morte, tívessemos reparado que estamos vivos.