4 de abril de 2020

Weekend

Fim de semana. Medida inconsequente do tempo. Não porque a semana não acabe, antes porque, num certo sentido, nada começa nas novas medidas do nosso calendário. O tempo adquire espessura imaterial, instala-se na nossa intimidade, nem lento, nem veloz, como um fantasma cruel, quase doce na sua crueldade. Poderemos, talvez, aplicar-nos a definição da ficção de Godard (na abertura de Fim de Semana, precisamente), apresentando-se como "um filme perdido no cosmos", aliás, "um filme encontrado no ferro velho". Não há nenhuma razão para abdicarmos das razões da nossa cinefilia. Não se morre disso.