13 de abril de 2020

Religiosamente

Notícias, reportagens e comentários (incluindo os comentadores por via digital, essa praga mediática em que todos somos actores e espectadores) garantem-nos que a religião está na linha da frente a lidar com os temas, medos e traumas do COVID-19. Apoteose da banalidade: nada a ver com a singeleza emocional e a energia simbólica do Papa Francisco, sozinho, na Praça de São Pedro, celebrando a energia primitiva da Palavra. Agora, o religioso confunde-se com as rubricas de aconselhamento jurídico ou receitas culinárias, sendo apresentado como uma espécie de mezinha espiritual para lidar com as perplexidades e angústias da pandemia. Os enigmas do sagrado mereciam outra contenção, a começar pela humilde celebração do silêncio.