27 de abril de 2020

Retórica

Equação psicanalítica: os sonhos sonhados no confinamento integram a perda de coordenadas que a pandemia instalou nas nossas vidas. Como se cada sonho fosse um mapa efémero, estranhamente acutilante, da nossa ânsia de retomar as medidas de tempo e espaço que conferiam à nossa existência uma frágil ilusão de coerência. Descobrimos, assim, os adereços de um luxo ingrato: o território fechado da casa confunde-se com a vastidão incomensurável de uma galáxia. O infinito é apenas uma figura de retórica.