5 de maio de 2020

Máscaras

Máscara. Promessa de sensualidade: quem está, ou que está, por trás daquela barreira? E insinuação inquietante: o nosso património narrativo garante-nos que é a morte essa entidade que sempre se apresenta mascarada. Vivemos, assim, o avesso da utopia romântica: a ocultação do rosto não envolve nenhuma transcendência, a imagem truncada do outro não passa de um aparato social que se confunde com a ameaça microscópica do vírus. Num mundo assim, não parece possível ensinar a beleza dos filmes de Murnau.

City Girl (1930)