Os espaços de comentários online expõem uma trágica miséria escrita — e miséria de escrita. É bem verdade que, na esmagadora maioria dos casos, quem os utiliza apenas visa instalar algum tipo de irrisão mais ou menos insultuosa. Em todo o caso, vale a pena perguntar se tal postura não começa, precisamente, num entendimento fútil da comunicação, aquém até de um conceito meramente instrumental da escrita. Depois, há programas, projectos e comoventes boas vontades para valorizar a língua portuguesa — nenhum deles parece possuir a percepção da sua própria inoperância face a esta vivência festiva, festivamente niilista, do contrato social.