Esguio, algo assimétrico, barba mal tratada, olhos indiferentes aos movimentos do mundo, o rosto do galã não tem nada de sedutor, nem sequer ilustra um qualquer padrão de beleza, antigo ou contemporâneo da sua imagem. Em qualquer caso, não desviamos o olhar da sua pose e movimento. Por cada sobressalto da pele, deduzimos o seu menosprezo pelas singularidades do humano, a ponto de pressentirmos a indiferença afectiva que pontua cada frase que sai da sua boca; não precisamos de o ouvir para detectar a grosseria, disfarçada de afectação burguesa, que a sua voz transporta. Velha lição iconográfica — o filme é de 1920, mas vê-lo é entrar numa escuta radicalmente reveladora.